Maldição às margens do Reno

Às margens do Rio Reno, perto de Sankt Goarshausen, no oeste da Alemanha, há um penhasco com a altura de 132 metros sentido paralelo com a curvatura mais estreita desse rio, onde está situada a estátua da lendária Loreley. Desde sempre, este trecho do trajeto foi temido por todos os seus navegantes,e, consequentemente, cercado de mistérios que exigiam muita atenção dos navegadores, porque aquela parte do Reno tem apenas 113 metros de largura e, em alguns locais, atinge apenas poucos metros de profundidade. No entanto, antigamente o perigo era ainda maior, devido às grandes pontas dos rochedos, explodidas em 1930 para minimizar o número de acidentes fluviais daquela região.

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Há várias versões da lenda de Loreley. A versão mais conhecida foi feita com base no poema publicado por Heinrich Heine em 1824, que fez com que se tornasse uma canção folclórica alemã muito popular, mas a outra versão da lenda do Rio Reno, escolhida para ser traduzida aqui, é a menos conhecida e teve como base a versão em versos escrita em 1801 pelo poeta Clemens Brentano.

Lenda da Loreley com base na versão de Clemens Brentano

Há mais de duzentos anos, morava uma belíssima feiticeira em Bacharach nas margens do Rio Reno. Ela era tão linda e delicada que arrebatou muitos corações, despertou a cobiça dos homens ao redor, que, após enlaçarem-se de amor por ela, não tiveram alguma salvação.

O bispo mandou convocá-la para uma punição espiritual, tentando sua morte. A moça dirigiu-se ao mosteiro, entretanto ele teve que perdoá-la, por ser muito linda. Ele a tocou e disse:

— Você, pobre Loreley! Quem te seduziu para a feitiçaria maligna?

A jovem feiticeira respondeu ao bispo:

— Senhor bispo, deixe-me morrer, estou cansada da vida. Por que todo aquele que vê meus olhos deve perecer?

O bispo respondeu:

— Os seus olhos são duas chamas, mas não posso condená-los, já que até meu próprio coração já está queimando nessas chamas.

A pobre moça pediu ao bispo:

— Quebre esse feitiço com a força do teu cajado.

O bispo respondeu com grande insatisfação:

— Não consigo quebrar-te com o cajado, linda Loreley! Eu teria que partir meu próprio coração em dois!

Então, a moça suplicou ao clérigo:

— Não zombe tanto de mim e peça a Deus sua misericórdia. Não tenho mais permissão para viver, meu namorado me traiu, se afastou de mim, foi embora para uma terra estrangeira, não consigo amar mais ninguém. Você me dará a morte, por isso vim até aqui. Deixe-me morrer como uma cristã, tudo deve desaparecer porque ele não está comigo.

Apesar das súplicas da bela mulher, o bispo mandou buscar três cavaleiros:

— Traga-os para o mosteiro para que Deus abençoe sua mente arrebatada. Você se tornará uma freira, uma freira preta e branca. Prepare-se na terra para esta jornada.

Para o convento cavalgaram todos e, tristemente, no meio do caminho, nas margens do Rio Reno, implorou a bela Loreley ao cavaleiro que a levava:

– Ó cavaleiro, deixe-me ir andando. Daqui do alto desta rocha, eu quero olhar para o meu querido castelo mais uma vez. Eu quero ver bem no fundo do Reno novamente,

e então ir para o convento e ser a virgem de Deus.

Após ter a permissão do cavaleiro, que não conseguiu dizer não à bela jovem e apesar de a parede da rocha ser tão íngreme, ela subiu até chegar ao topo.

Ao avistá-la, os três cavaleiros amarraram seus cavalos lá embaixo

e subiram sem parar, até o topo da rocha íngreme, para tentar salvá-la.

Lá em cima, a donzela falou:

— Lá vai um pequeno navio no Reno. Aquele que estiver nessa embarcação será meu amado. Meu coração está tão alegre! Então, se inclinou e se jogou no Reno.

Estátua da Loreley em Sankt Goarshausen

Fonte: Rolf Kosecki/pictureallianc

História reescrita por Érika Christina Kohle com base no poema Zu Bacharach am Rheine escrito por Clemens Brentano.
Link da publicação original: https://www.loreley-touristik.de/meine-loreley/sagenland-loreley/die-loreley/#c294