História do Vale da Aosta – Itália

Imagens retiradas do filme: Heide de 2015 dirigido por Alain Gsponer.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=s7TSZVE-9L4

Esta história, A fada do lago, foi publicada no site https://www.fabulinis.com de domínio italiano. Silvia Maioni e William Portinari escrevem a história, aqui traduzida, inspirados em um conto folclórico do Valle da Aosta, uma das regiões italianas.

Antes da apresentação da história, Silvia Maioni escreve estas palavras:

“Cantar nos deixa mais felizes, e quando não cantamos mais vem a tristeza …

Como em qualquer conto de fadas que se preze, também neste existe uma criatura mágica, uma fada, que tem o poder de ajudar os homens. E o faz por meio do canto e da voz, exatamente como nós, adultos, fazemos com as crianças quando contamos uma história ou cantamos uma canção de ninar. E se a voz falhar? Tudo se torna mais difícil, e é por isso que o silêncio muitas vezes nos entristece. Mas nossa fada saberá como trazer o bom humor e fazer sorrir a todos novamente”. Silvia Maioni

A fada do lago

Imagens retiradas do filme: Heide de 2015 dirigido por Alain Gsponer.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=s7TSZVE-9L4

Era uma vez um lago onde, escondida dentro de uma gruta, vivia uma esplêndida fada. Nenhum dos habitantes do vale, porém, jamais a tinha visto, pois ela era muito habilidosa em se esconder e, se necessário, transformar-se em algum animalzinho para fugir das pessoas. Mas todos a ouviam cantar, e sua voz era tão bela e harmoniosa que, mesmo os dias mais difíceis de trabalho pareciam mais leves ao ouvi-la.

Um dia, dois pastorinhos, quando cuidavam de suas ovelhas, ouviram a voz da fada que cantava. Estava tão perto que os dois se esconderam atrás de uma árvore com medo de serem vistos, e, de fato, depois de um momento, apareceu na campina a belíssima fada de cabelos azuis como o mar.

O menor dos dois exclamou:

– É a fada do lago!

O mais velho não teve tempo de tapar-lhe a boca, e a fada, surpresa, se voltou para eles. A fada, nesse momento, fugiu rapidamente e se refugiou dentro da floresta. Os dois pastorinhos tentaram em vão persegui-la, mas ela foi muito rápida, e, depois de pouco tempo, eles não conseguiram mais vê-la. Tinha desaparecido.

Os dois correram rapidamente para casa, queriam contar a todos sobre o encontro com a fada, mas assim que entraram em casa ouviram o pai que dizia para a mãe:

– Hoje, a certa altura, a fada do lago parou de cantar… paramos de ouvi-la, e chegar ao fim do dia sem seu canto é realmente muito difícil…

Os dois pastorinhos se entreolharam. Talvez a fada tenha parado de cantar por culpa deles, pensaram os dois, e ficaram quietos.

E de fato a partir daquele dia a fada não cantou mais, e todos os habitantes do vale se sentiram cada vez mais tristes e cansados pelo trabalho duro.

Todos sentiam falta do canto da fada.

Os dois pastorinhos pensaram que tinham cometido um grande erro e decidiram repará-lo. Puseram-se a procurar a gruta da fada por todo o lago, até que um dia, enquanto exploravam uma delas, ouviram soluços de choro que vinham do fundo da gruta.

– Senhora fada do lago? – disse o maiorzinho dos dois pastorinhos.

– Não se aproximem! O que vocês querem de mim ?! – respondeu a fada chorando.

– Queríamos apenas pedir desculpas pela outra vez, não era nossa intenção assustá-la…

– Eu não fiquei com medo … é só que vocês me viram!

– Desculpe-nos se te vimos, estávamos apenas curiosos e …

– Mas por que não quer ser vista? A senhora é tão linda! – interrompeu o menorzinho.

– Não é verdade! – respondeu a fada, chorando ainda mais – sou horrível! Os dois pastorinhos se entreolharam espantados.

– Não, não, senhora fada, a senhora é linda mesmo! – continuou o menor.

– Como você pode dizer que eu sou linda com esses cabelos azuis horríveis! Todas as outras fadas têm os cabelos da cor do ouro, enquanto eu tenho cabelos da cor do mar… – e ela recomeçou a chorar. Os dois pastorinhos ficaram emudecidos com aquela estranha explicação. Para os dois, a fada era a mulher mais linda que já tinham visto.

– Acredite em mim, senhora fada, que para nós a senhora é belíssima… e a sua voz então é ainda mais, desde quando não a ouvimos mais cantar, todos os habitantes do vale estão mais tristes…

A fada lentamente parou de chorar.

– É verdade que sem o meu canto todos os habitantes do vale ficam mais tristes? Os dois pastorinhos assentiram vigorosamente com a cabeça. A fada ficou em silêncio por um momento.

– É verdade que apesar dos meus cabelos cor do mar, vocês me acham bonita?

Os dois pastorinhos assentiram com a cabeça ainda mais vigorosamente.

A fada olhou nos olhos deles; não estavam mentindo.

– Se vocês prometerem não contar a ninguém onde fica minha gruta, voltarei a cantar para todos os habitantes do vale.

– Prometemos! – disseram em coro os dois pastorinhos.

A fada sorriu, e os dois pastorinhos, plenos de felicidade e orgulho por terem resolvido o assunto, começaram a pular e a gritar de alegria.

Os dois se despediram da fada e imediatamente correram para casa, e logo depois de poucos passos, eles ouviram às suas costas a maravilhosa voz da fada que voltou a cantar.

Todos os habitantes do vale, ouvindo novamente o canto da fada, pararam para escutá-la encantados. De repente, todos estavam felizes novamente, e naquela mesma noite fizeram uma grande festa em homenagem à fada, com cantos, danças e um grande banquete.

E os dois pastorinhos eram as crianças mais felizes de todas.

Autor: Willian Portinari

Copyright e Testi © Silvia e William – fabulinis.com
Texto no original pode ser encontrado diretamente em:
https://www.fabulinis.com/favole/la-fata-del-lago/
Tradução: Adriana Pastorello Buim Arena
Revisão técnica: Elaine Beatriz de Sousa Pagliaro