Edmar Corrêa Pedrosa, professor em Urbano Santos, Maranhão, escreveu uma história que, segundo contam os antigos moradores, se passou na bela Lagoa do Cassó, situada na região!

Lagoa do Cassó

A Lagoa do Cassó, com 6 km de extensão e 20 metros de profundidade em época de chuvas, localiza-se no município de Primeira Cruz, no Maranhão, mas está a 57 km do centro da cidade, a 42 km de Urbano Santos, a 68 km de Barreirinhas e a 207 km de São Luís.

A cobra grande da Lagoa do Cassó

Edmar Corrêa Pedrosa

Há muito tempo, viveu no pequeno povoado chamado Cassó uma pobre e humilde moça. Nada de tão especial ela tinha, com exceção da sua timidez, honestidade e disposição para trabalhar e ajudar os seus pais nos afazeres de casa. Filha de um casal bem humilde, não se sabe se tinha irmãos. E se teve, não se sabe quantos eram.

Todos os dias, bem cedinho, a jovem descia à lagoa com uma bacia de coisas na cabeça, equilibrada com a ajuda de uma rodilha. Ora roupas, ora vasilhas.

Em um belo dia, como era costumeiro acontecer no pequeno povoado, apareceu um homem que não se sabe de onde viera, nem para onde iria. Contudo, algo que não havia ocorrido antes ocorreu: a jovem moça, ao ver esse homem sentado na beira da lagoa, olhando para o outro lado da margem, se apaixonou.

Mesmo sem ninguém saber, os dois passaram a se encontrar. Era só a noite cair, que lá estavam, se encantando com seus olhares e se maravilhando com os seus sorrisos. A água acariciava os seus corpos e a lua dava brilho às suas peles.

Dias depois, da mesma forma misteriosa que o moço apareceu no povoado, ele também desapareceu. Normal para todos, pois era comum pessoas chegarem e partirem do pequeno lugar. Inacreditável para a jovem apaixonada, pois tempos depois descobriu que estava grávida.

Os pais da jovem, ao descobrirem que ela estava grávida, ficaram muito tristes e desapontados, pois não sabiam como a sua filha poderia criar a criança que estava por vir. Depois disso, uma sucessão de brigas e discussões fizeram parte da vida da jovem mulher.

Meses depois, quando a jovem mãe sentiu dores de parto, sem comunicar a ninguém, se dirigiu à lagoa onde teve o seu bebê. Mas, cansada de lutar e resistir a todas as situações, decidiu lançar a criança no meio das profundas águas da lagoa que logo a submergiu.

O tempo passou, a jovem mãe amadureceu e nenhum outro filho ela teve, mas nunca se esqueceu de seu pequeno que agora habitava e descansava entre os juncos e sob as profundas e escuras águas do lago.

Em um certo dia, no crepúsculo da tarde, durante o banho, depois de dar o seu último mergulho, a mulher olhou para o meio da lagoa e viu que vinha em sua direção um belo homem, que, ao se aproximar, estendeu-lhe a mão e pediu-lhe sua benção. A mulher paralisada de medo, mas conhecendo-o, o abençoou. Então, o moço disse-lhe:

– Não se preocupe, aqui é o meu lugar, é onde eu posso governar!

Depois disso, o rapaz virou-lhe as costas e foi-se em direção às profundezas da lagoa e, enquanto ele se distanciava, transformava-se em uma grande cobra que mergulhou para o lugar mais profundo.